quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Um ponto de partida

Tem dias em que estamos tão propensos à reflexão que por menor que seja o estímulo se desencadeia em nós aquele turbilhão de pensamentos e sensações que passáramos tentando ocultar.

Hoje foi assim no trabalho. Chegar à redação e encarar mais do mesmo foi a sentença de que o dia havia acabado. Escolhi o jornalismo por acreditar que, com ele, fugiria da rotina. Mas quem se arriscar a ler a reportagem que escrevi para a edição de 19 de fevereiro e em seguida resgastar os jornais de três anos atrás verá que então eu escrevia sobre o mesmo tema.

Na rotina da redação, também mais do mesmo. Os mesmos vícios de chefes, reclamações, aborrecimentos e restrições de há três anos.

É aquilo que está à nossa volta que não muda ou somos nós (eu) que resolvemos não encarar o que nos aflige e aceitamos tudo como está para não promover a mudança? E por que não encaro? Pelo medo de mudar? De errar? De querer voltar ao começo?

No filme "Foi apenas um sonho", os protagonistas têm de encarar o fato de que não conseguem abandonar suas vidas aparentemente seguras para realizar o sonho de morar em Paris. Não são as circunstâncias exteriores - filhos, casa, emprego - que os impedem de partir, mas a incapacidade de romper consigo mesmos para alterar o presente.

A mudança provoca dor. A reflexão provoca dor. Romper desencadeia dor. Para mim, a dor maior tem sido a de vencer a mim mesmo.

Deixar que esses pensamentos se manifestem tem me mostrado que quero cada vez menos aquilo que construí para mim no campo profissional. Queria estudar e fui um aluno displicente na faculdade de Jornalismo. Queria seguir carreira acadêmica e me tornei um jornalista prático. Queria viajar e aprender línguas e estou cada vez mais apegado ao ambiente em que vivo. O que resta? A resposta que vem é que permanece a vontade de mudar.

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